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A Próxima Década
"Eu argumento que os Estados Unidos se tornaram um império não porque pretendiam, mas porque a história tem trabalhado dessa maneira. A questão se este país deve ser ou não um império é insignificante. Ele é um império." (p. 13)
É desse modo que nos deparamos com o livro de George Friedman em sua Nota do Autor logo na primeira página, com uma frase de impacto que demonstra exatamente todo o contexto que será debatido em suas páginas, como a história do império, o que esperar dele no futuro, quais as melhores ações para ele continuar no poder e quais são as táticas que os Estados Unidos costumam empregar em todos os acontecimentos do mundo.

O início de A Próxima Década faz uma análise da história e política Norte Americana que os levou a se tornarem um império difícil de ser batido e que faz com que qualquer uma de suas ações tenha consequências positivas ou negativas em todo o planeta.

George consegue escrever um livro bastante balanceado, conseguindo agradar tanto os que odeiam o imperialismo americano, quanto os que sonham em um dia poder viver no país. Fazendo com que os dois lados consigam de certo modo abrir os olhos para realidade e entender um pouco mais o que é esse país, como ele funciona, onde deve ser admirado e em quais pontos temido, ou até mesmo o que deve ser ignorado.

"Em pleno Império Britânico, disse lorde Palmerston: "É limitado supor que este ou aquele país deva ser marcado como o aliado eterno ou inimigo perpétuo da Inglaterra. Não temos aliados eternos nem inimigos perpétuos. Nossos interesses são eternos e perpétuos; quanto aos interesse dos demais, é nosso dever acompanhar". Este é o tipo de política que o presidente necessita institucionalizar na próxima década. Reconhecendo que os Estados Unidos gerarão ressentimentos ou hostilidades, ele não deve abrigar ilusões de que pode meramente persuadir outras nações a pensar melhor de nós sem renunciar a interesse que são essenciais a si mesmos... Deve tentar seduzir essas nações o máximo possível com promessas reluzentes, mas, no final, deve aceitar que iniciativas de sedução eventualmente podem fracassar. O ponto em que ele não pode falhar é em sua responsabilidade em orientar os Estados Unidos em um mundo hostil." (p. 47)

Esse tipo de pensamento pode parecer assustador para algumas pessoas que provavelmente concluirão que os Estados Unidos acham que devem manipular todos os países ao seu redor para sempre conseguir os melhores resultados e que isso não é correto. O que esquecemos de pensar é que em nossas vidas, muitas vezes, tomamos atitudes políticas, onde precisamos saber exatamente o que acontece do lado para podermos tomar as melhores atitudes e conseguir o que é importante para nós.

A política e a guerra possuem muitos elementos que se assemelham com a nossa vida, um bom exemplo disso são os livros A Arte da Guerra e O Príncipe, esse segundo muito mencionado no livro por ficar claro que muitas vezes as atitudes Americanas são inspiradas nos pensamentos de Maquiavel e como eles realmente funcionam, mesmo tendo sendo escrito a muitos e muitos anos atrás. Aliás, para quem precisa de estimulo ou deseja conseguir melhores resultados em sua vida, é sempre bom ler esses dois livros.

Um fator que ajuda na compreensão de todos os fatos que são demonstrados no livro é a presença de mapas e gráfico explicativos, onde conseguimos perceber com mais clareza as coisas que muitas vezes não conseguem passar a dimensão do impacto quando são apenas lidas como meros número jogados em um parágrafo.

Um dos primeiros fatos, onde é necessária a apresentação de um gráfico, foi com a crise de 2008 que resultou na quebra de diversos bancos no país e também a uma queda assustadora no valor das casas, isso sem contar que levou diversas pessoas para as ruas por não possuírem mais dinheiro para a hipoteca (um estilo de financiamento de casas que possui nos Estados Unidos). Explicando em poucas palavras, tudo que é muito valorizado, um dia acaba quebrando pelo fato de não conseguir se sustentar, foi exatamente isso que aconteceu com as casas no país e levou a crise que muitos acham que pode ser comparada ao crack da bolsa de Nova York em 1929.

Independente do que aconteceu ou possa acontecer nos Estados Unidos, chegar ao ponto do que eles passaram em 1929 é quase impossível. Mesmo nenhum país tendo uma economia inabalável, eles possuem diversos recursos que ajudariam para que tudo fosse colocado em seu devido lugar em pouco tempo. Umas das coisas é até mesmo o fato de viver oferecendo favores aos países que um dia pode ser pedido como retorno.

"O que a crise de 2008 fez pelo mundo foi redefinir as fronteiras entre corporações e Estado, aumentando o poder estatal e o poder político, reduzindo a autonomia dos mercados e o poder da elite financeira." (p. 73)

Depois de uma análise detalhada sobre todos os pormenores que os Estados Unidos devem se preocupar como política interna, o George passa para todos os outros continentes, indo desde os países que considera mais importante até aqueles que quase nunca ouvimos falar, mas nunca deixando de pensar em como aquele país funciona, quais são as possíveis ameaçar que ele pode ter e também como os Estados Unidos devem lidar com ele.

Rússia, Alemanha, China e Japão são os que ocupam a maior parte nessa hora, já que a Rússia estava conta eles na Guerra Fria, a Alemanha ainda possui em seu passado o Nazismo que provavelmente nunca será deletado, a China é uma grande potência econômica que aparenta ameaçar os EUA com uma mão de obra barata e que consegue atingir boa qualidade em seus produtos e o Japão devido ao seu crescimento econômico e populacional que faz com que eles estejam praticamente em todos os lugares desejados.

Apesar de todas aparentarem serem ameaças, nenhuma delas possui forças suficientes para conseguir realizar um feito grande a ponto de abalar as estruturas dos EUA, por isso o que resta é o país saber como lidar com todas as atitudes tomadas pelos seus vizinhos e conseguir desse modo manter por muito tempo o seu poder por todo o planeta.

É interessante ver como uma pessoa de fora do Brasil nos vê e conseguimos ver isso na Próxima Década. George nos descreve como um país sensato que sabe para onde sua economia está indo e consegue dar bons caminhos, chegando até mesmo a ser uma possível ameaça aos EUA no futuro, sendo que uma boa solução para isso seria o presidente do império investir na Argentina (o único país além do Brasil capaz de evoluir nas Américas), mas de modo que não percebemos o que está acontecendo, pois poderíamos nos revoltar e começar uma guerra antes da hora.

Não que isso necessariamente venha acontecer, isso são apenas suposições do George e é tudo muito natural na política que chega a ser praticamente óbvio quando pensamos e analisamos como funciona o globo.

Em momento algum George chega a mencionar que os Estados Unidos serão eternamente o império, mas para a próxima década o esperado é que eles continuem fortes com esse poder e sem que as pessoas cheguem a constatar, afinal é natural que conforme a história andar os impérios nasçam e morram naturalmente, muitas vezes por suas próprias atitudes ao invés dos que estão ao seu redor.

Diversas partes do livro mencionam outro do mesmo autor o Os Próximos 100 Anos, que aparentemente possui também um conteúdo que prende a nossa atenção e deixa curioso para saber quais são as suposições do autor, essas um pouco mais incertas pelo fato de poder acontecer muitas coisas em um período longo de tempo.

Recomendo esse livro para todas as pessoas, sem distinção. Sei que normalmente as pessoas aqui no blog estão acostumados com livros mais literários e até mesmo possuem um certo preconceito com livros um pouco mais teóricos, mas isso é uma coisa que deve ser combatida, ainda mais que hoje em dia esse modelo de livro vem sofrendo cada vez mais modificações que fazem com que a leitura seja mais agradável e passe muito conteúdo de fácil absorção.

Caso você seja uma dessas pessoas que possui o preconceito literário com livros teóricos, tente começar a ler livros desse gênero com A Próxima Década e confira como você pode aprender de um modo gostoso e não como as apostilas e textos que você considerava chato na escola e até mesmo faculdade.



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