21:58
2
Doença e Cura - Fabian Balbinot
Esse é o primeiro livro do Fabian e é composto por contos, quem costuma acompanhar o blog saber que em outras resenhas já mencionei que não gosto desse tipo de livro porque geralmente não tem final as histórias, mas isso não aconteceu com esse livro, ao contrário, me impressionei e adorei todas as histórias.

Primeiramente, esse livro é indicado apenas para pessoas que são apaixonadas por terror de verdade, tipo um H. P. Lovecraft, Stephen King e Edgar Alan Poe, mas o Fabian consegue ser um pouco mais grotesco que todos eles, segundo o autor, ele tentou impressionar e deixar as pessoas que lêem chocadas e com nojo, bem, ele consegue exatamente isso. As cenas são exageradas e quase conseguimos sentir cheiro de carne podre, sangue e podridão de tão forte que são os contos.

O livro é completamente inovador e experimental, cada conto é ambientado em um lugar e dá quase para acreditar que cada conto foi escrito por uma pessoa devido as diferenças entre eles, mas apesar dessas diferenças, os contos são todos meio que interligados e todos possuem final, é uma coisa um pouco complicada de explicar, é como se você lesse um diário pulando dias, um terá ligação com o outro ao mesmo tempo que são separados, deu para entender?

Em diversos momentos do livro sentimos como se o autor estivesse falando no lugar do personagem, ele consegue expulsar as pessoas e colocar sua opinião, isso de certo modo pode ser considerado ruim, não é bom quando sentimos as mãos do criador em sua obra, prefiro sentir como se fosse o próprio personagem ou apenas um observados na história.
"Eram os humanos que destruíam a Terra, acabavam com a vida, guerreavam consigo mesmos e matava-se por muito menos do que sangue. Tinham sido os seres humanos que a tinham torturado por tantos anos. Pai e mãe humanos, irresponsáveis, gananciosos, loucos por um ridículo dinheiro de papel. Empregados e criados, doutores e farmacêuticos que a enchiam de mortífera diversão das drogas ilícitas" (p.41 e 42)
Nessa parte, além de eu ter sentido muito a presença do Fabian, também dá para perceber que em alguns momentos do livro ele faz críticas ao caminho que a sociedade está seguindo, e são ótimas críticas, concordo em muito no jeito dele pensar, que estamos deixando de viver e às vezes nos tornando tão cruéis quanto vampiros.

Os vampiros do livro me lembram, e muito, os do quadrinho 30 dias de noite do Steve Niles, devido ao jeito agressivo, os dentes pontudos e a semelhança que os vampiros ficam com animais quando estão com sede.

Em certos momentos o Fabian também inova na pontuação, um dos parágrafos possui nenhuma vírgula, demonstrando todo o desespero do personagem. Já em outro, as vírgulas são excessivas e percebemos a hesitação.
"Ela queria gritar. Queria se mexer. Queria usar seus poderes. A força prodigiosa, a velocidade sobrenatural, que o sangue humano concedia. Queria levantar sair correndo saltar sobre a pessoa que ali estava estraçalhar seu pescoço seus braços seu corpo inteiro sair correndo arrombar a porta com um chute sumir de vista, tudo isso em cinco segundos, ou até menos, que sabe,... " (p. 33 e 34)
Uma coisa que me incomodou bastante é que uma das personagens fica chamando por Cristo, eu acredito que vampiros não podem ter deuses sendo que são mortos vivos, mas a Mayara, que também leu esse livro acredita que vampiros tiveram a formação de sua personalidade enquanto eram humanos então é possível que eles continuem eternamente chamando Deus, Cristo ou Jesus.

Aliás, falar um pouco sobre o que a Mayara achou, resumindo um pouco porque to falando muito nessa resenha ahauhauha. A May achou o livro exagerado de mais, que não era necessário todo o exagero do escritor nas cenas que são feitas para impressionar, mas no geral ela gostou do livro.

Voltando a tudo que deixei anotado aqui, em certo momento do livro não é mencionado as pessoas que estão falando, qual a ordem ou da onde elas surgiram, no começo achei bem confuso e não gostei, mas comecei a imaginar de outro jeito, não vou explicar a cena porque é contar sobre a história, mas essa cena se imaginada de forma correta pode render um bom nojinho.

Um dos contos do livro é feito em formato de teatro, a maior parte das pessoas que vi falando sobre essa parte foi para criticar, Fabian, você sabe escrever muito bem para teatro, gosto muito de ler roteiro de peça e você conseguiu pegar bem a essência desse tipo de escrita. Acredito que se você já leu o livro Doença e Cura e não gostou dessa parte é devido a falta de costume com o tipo de narrativa, mas muitas vezes roteiros teatrais abrem muito mais a imaginação devido a poucos detalhes sobre personagens.

Tem muita coisa a mais que eu desejaria falar, mas essa resenha está ficando imensa. Antes que eu me esqueça, único problema no livro é a diagramação, mas o próprio autor sabe desse erro, apesar disso o livro merece ser lido.
"Talvez o mundo não esteja no fim, mas é o fato que ele bem perdendo a graça, e a decência. Tudo o que se vê por ai é feito de lixo e estrume. Tudo é descartável, imprestável, irrelevante. Os seres humanos ridículos e mesquinhos, que ampliaram sua ocupação na Terra em dez vezes durante o século... eles estão destruindo tudo, ambiente, outra espécies, lugares, inclusive eles mesmos, suas culturas, sua pretensa sociedade, em troca de uma vida sem sentido, de prazeres fugazes, confortos e ineptidão, de pressa para se chegar em lugar nenhum, de crença em ideais controversos e em milagres e deuses que não existem e que foram inventados apenas para perdoar as extravagâncias da própria espécie. Há corrupção e decadência em todos os lugares que se olha. A mentira, o comércio e o logro estão em todo lugar, nas religiões, nas políticas, nas leis, nos sistemas. Tudo é torpe, baixo, vil, e não há cura para os males que a raça humana, que destrói tudo o que toca, vem espalhando pelo mundo..." (p. 247)

2 comentários:

  1. Heey, estou com este livro para ler aqui em casa. Falaram-me que é bem pesado.
    Pelo que eu li dos quotes é assim mesmo. Mas enfim flor. Tem sorteio de marcadores diversos autografados la no blog
    www.Imaginayre.blogspot.com

    ResponderExcluir
  2. Fabian Balbinot, autor de Doença e Cura, falando. Quero cumprimentar duas vezes as gurias do blog, May and Jessie: a primeira pela excelente resenha, que saltita lá e cá pelos pontos principais, cruciais, os mais importantes, e até mesmo os mais IRRITANTES de Doença e Cura, esta minha humilde coleção de contos que brinca com o bizarro e tenta virar romance no fim. A segunda vez será um cumprimento coletivo a elas e aos demais fãs do blog, afinal de contas... FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO, né!!!!

    ResponderExcluir