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O Vampiro da Mata Atlântica - Martha Argel
No começo da história nos deparamos com dois biólogos. Xavier Damasceno e Júlio Levereaux, sendo o primeiro um ornitólogo (que estuda aves) e o outro um mastozoólogo (que estuda mamíferos), onde o Júlio encontra uma oportunidade para eles trabalharem no meio da floresta, mais exatamente no Alto Ribeira com o objetivo de estudar a flora e fauna e encontrar espécies que sejam raras ou ameaçadas de extinção para transformar o local em uma área preservada.

Muitas coisas sobre a natureza, cultura e modo de agir dos brasileiros é demonstrada em sua trama. Como as crendices, as conversas de bar em tom de fofoca e sombrio do interior, a beleza da natureza, com diversos exemplares de plantas, animais e uma riqueza difícil de ser encontrada em outras florestas. Tem até mesmo aquele parceiro bem oportunista, no caso o Júlio, que possui a fama de sempre se aproveitar dos colegas de trabalho e no final levar a fama toda só para ele.

Xavier é um personagem bem esforçado, completamente apaixonado pelo que faz e que sente a vibração sempre que faz uma nova descoberta na mata. Apesar de ele possuir conhecimento do fato de Júlio ser aproveitador, acaba aceitando ir nessa aventura por causa da experiência.

Sobre o Vampiro? Bem, complicado falar sobre ele sem soltar algum spoiler da história, mas é um vampiro completamente diferente de todos que você já deve ter lido ou visto. Não, ele não brilha no sol nem coisa parecida, o que o torna diferente é simplesmente o fato dele ter o nosso jeitinho brasileiro, o que acaba ficando até mesmo engraçado.

O começo do livro fala bastante sobre a nossa natureza, contando detalhes de como esses profissionais trabalham para conseguir os dados necessários, o que pode ser considerado um pouco entediante para os que não se interessem pelo assunto, mas para os que gostam, será um conteúdo rico, cheio de coisas que gostaríamos de saber a muito tempo.

Um pouco depois da metade do livro que a trama realmente pega. No fundo, o Vampiro nem pode ser considerado o personagem mais importante de tudo, ao contrário, todos possuem a sua importância nos acontecimentos e o Vampiro chega para dar aquele toque que torna tudo perfeito para os apreciadores desse estilo.

O interessante é que a Martha Argel também é ornitóloga. Geralmente quando autores decidem escrever histórias sobre as suas áreas de atuação, acabam exagerando nos detalhes ou tornando a história maçante, o que, definitivamente, não acontece nesse livro. Martha sabe balancear bem os momentos de contar sobre sua carreira em cima dos personagens e quando que deve dar foco na história que está desenrolando.

Recomendo o livro para pessoas interessadas em literatura nacional de qualidade, amantes da natureza e apreciadores de vampiros.


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