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Madame Bovary

O romance Madame Bovary foi publicado em 1856 em folhetins distribuídos junto com um jornal francês. Ele fez grande sucesso e assustou a população devido a diversos fatores contidos no livro que difamaram pessoas reais. Flaubert acabou respondendo por processos devido a ofensa à moral pública e religiosa.

Apesar do livro ter o nome da nossa querida ou odiada Madame Bovary, ele poderia ter diversos nomes, pois mesmo ela sendo a personagem principal da história, em diversos momentos temos cenas com outros personagens que são importante para a história.

-É como eu - replicou Léon - Há coisa melhor que ficar à noite ao pé do fogo com um livro, enquanto o vento bate na janela, à luz de um candeeiro?... p. 87

Quando acaba-se de ler o livro é provável que o primeiro sentimento adquirido pela personagem seja de raiva, mas depois de analisar um pouco sobre a história, passa-se a sentir um dó junto com essa raiva.

Por que ter dó de Madame Bovary? Ela é uma pessoa iludida que foi enfeitiçada pela tentação dos romances e deseja que sua vida seja eternamente como em todos os livros que ela passou muito tempo lendo.

Quanto a Emma, ela não se interrogava para saber se o amava. O amor, conforme acreditava, devia chegar de repente, com grande tumultos e fulgurações - furacão dos céus que desaba sobre a vida, transtorna-a, arranca as vontades como folhas e arrasta o coração inteiro para o abismo. Ela não sabia que, nas sacadas das casas, a chuva forma poças quando as pingadeiras estão entupidas, e assim ela permaneceu em segurança, até que descobriu, subitamente, uma rachadura na parede. p. 103

Não podemos deixar de mencionar a pequena culpa que o senhor Bovary também possui. Ele é um homem dedicado ao trabalho que pensa que somente o material é capaz de demonstrar o amor que sente por uma pessoa. Ele é um marido ausente e não faz nenhum gesto carinhoso com sua esposa, deixando-a sozinha e apenas prestando atenção nela em suas crises de depressão.

Uma coisa impressionante em grande parte dos romances clássicos, e relembrado em livros atuais que retornam a essa época, é em como as mulheres são rebaixadas sempre que é possível. Em todas crises de depressão da Bovary é deixado bem claro que mulheres possuem nervos fracos e são mais sensíveis a esse tipo de doença.

- Nada demais. Apenas minha mulher que se emocionou um pouco hoje à tarde. O senhor sabe como as mulheres são, um nada as perturba! A minha, sobretudo! E não podemos nos revoltar contra isso, pois a organização nervosa delas é muito mais maleável do que a nossa. p.122

Todos os personagens são de certo modo inconstantes nesse romance, o senhor Bovary parecia um coitado manipulado pela esposa que falece e Emma (senhora Bovary) pareci uma coitada que não entende sobre a vida e só deseja um marido para poder cuidar da casa para ele. Os que aparecem no decorrer da história sempre dão uma primeira impressão, o canalha, o louco, o amigo etc, mas conforme o tempo vai passando, os seus temperamentos mudam e digamos que é mostrada sua verdadeira face.

É interessante como Flaubert consegue escrever de um modo como se não imaginasse mesmo o que viesse a seguir, ele consegue deixar todo o mistério sobre o que acontecerá.

Era a apaixonada de todos os romances, a heroína de todos os dramas, o vago ela de todos os volumes de versos. p. 255

Livros clássicos possuem uma profundidade na descrição (sem exageros) e uma profundidade em suas atitudes que não tem como não marcar. Emma é uma manipuladora e egocêntrica que deseja o mundo deitado aos seus pés. 

Ótimo livro que merece ser lido não só por ser um clássico, mas simplesmente por ser bom e rico de um modo que está em falta na literatura atual.

- É a srta. Lempereur que lhe dá as aulas, não é?
- É
- Pois bem; eu a vi há pouco - prosseguiu Charles, em casa da sra. Liésard - Falei-lhe a seu respeito; e ela não a conhece. p. 260


1 comentários:

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